Capitalismo de Stakeholders e as métricas ESG

Entre os dias 24 e 29 de janeiro de 2021, ocorreu a Agenda de Davos do Fórum Econômico Mundial (WEF, na sigla em inglês) a qual reuniu cerca de 1.700 executivos, líderes da sociedade civil e mídia global e 24 chefes de estado ou de governo, pela primeira vez na história, digitalmente. 

Com o objetivo de reconstruir a confiança para moldar os princípios, as políticas e as parcerias necessárias em 2021, ao total, foram 140 sessões de debates com 600 CEOs de grandes empresas, todas transmitidas ao vivo, dedicadas a ajudar os líderes a escolher soluções inovadoras para enfrentar os desafios atuais. Foram diversos temas discutidos e debatidos durante o encontro digital, e hoje, vamos abordar 2 temas que tiveram alta repercussão durante a Agenda de Davos:  

  • A implantação de métricas ESG,
  • A transição para o capitalismo de stakeholders. 

A sustentabilidade foi assunto que tangenciou todos os encontros, considerada como centro das recuperações econômicas no mundo, e como os lideres podem ajudar nas questões e problemáticas que estamos vivendo em diversas esferas, como a sustentabilidade, saúde e bem estar social. 

No post de hoje, vamos trazer um panorama geral sobre estes principais tópicos abordados na Agenda de Davos, acompanhe! 

Métricas ESG – Environment, Social and Governance 

Durante o encontro digital, a sigla ESG teve um grande destaque nas reuniões e discussões. Larry Fink, CEO da BlackRock – a maior gestora do mundo – afirmou em um dos painéis do WEF que investidores e empresários devem prestar atenção à agenda ESG se quiserem ter retornos financeiros mais sustentáveis no futuro. Para ele: “cada vez mais, portfólios personalizados estão evoluindo e ajudando na mensuração das ações das empresas”. 

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Ainda neste tópico, mais de 50 líderes empresariais presentes no Fórum se comprometeram, conjuntamente, em inserir as métricas de ESG dentro de seus modelos de negócios. Dentre os pontos adotados comumente, tem-se: 

  • Refletir as métricas em seus relatórios(relatórios anuais, de sustentabilidade, declarações de materiais e etc.)aos investidores e as partes interessadas (stakeholders), relatando conjuntamente as importâncias da métrica ESG e por que esta abordagem diferenciada é necessária; 
  • Apoiar e incentivar outros setores e negócios a implementarem a ESG;
  • Promover a convergência entre os padrões ESG e apoiar o progresso mundial na direção da solução global;
  • Unificar as métricas ESG globalmente e iniciar a introdução do capitalismo de stakeholders nos negócios atuais. 

De acordo com Klauss Schwab, fundador e presidente executivo do Fórum Econômico Mundial, “O comprometimento público das empresas em não relatar apenas os relatórios financeiros, mas também os impactos obtidos através das métricas ESG, é um passo importante em direção a uma economia global que trabalha para o progresso, as pessoas e o Planeta”. 

Embora não seja a primeira coisa que vêm à cabeça das pessoas como um mecanismo de mudança do status quoos relatórios unificados e sustentáveis, sem o foco estritamente financeiro, podem ser considerados como o primeiro passo para a criação de uma nova forma de capitalismo que enfrente os problemas atuais que estamos vivendo. 

A transição para o capitalismo de Stakeholders

O capitalismo de stakeholders, em suma, visa gerar e criar valor ao longo prazo, considerando as necessidades de todas as partes interessadas (empresas, fornecedores, colaboradores, consumidores) e a sociedade em geral. “Precisamos passar de um mundo baseado apenas em objetivos materiais para um mundo muito mais consciente do bem-estar das pessoas” afirma Klauss Schwab.
 
Mas o que seria “stakeholders”?

De maneira simples, stakeholders são todos os “acionistas” que possuem ligação com uma empresa ou negócio, dependendo intrinsicamente do bom desempenho que a mesma realiza. Assim, podemos citar como stakeholders:

  • Consumidores; 
  • Fornecedores; 
  • Colaboradores e empregados; 
  • Acionistas; 
  • Comunidades locais.  

Assim, o escopo de um capitalismo sustentável, ou de stakeholders, traz a perspectiva de que as empresas são responsáveis pelas pessoas que ali trabalham. Também como pelos seus consumidores, pelos fornecedores que tiram dali seu sustento e etc. O foco não é mais apenas o lucro dos acionistas, mas o objetivo principal se torna o bem da comunidade em volta. 

Porém, como trata-se ainda de uma proposta recente, o capitalismo de stakeholders ainda não possuí um modelo únicoNo início da década de 1970, em um cenário marcado pela Guerra Fria e aproximação da crise do petróleo, Klaus Schwab (na época, professor de Economia), criou a “teoria das partes interessadas” — Uma espécie de embrião do stakeholder capitalism. A visão desse capitalismo socialmente responsável tornou-se o norter do Fórum Econômico Mundial, tendo sido reafirmado pelo Manifesto de Davos 2020 e desde então, discutido abertamente entre os líderes mundiais. 

Como vimos, o entendimento do propósito das corporações aos poucos migra para uma nova perspectivaAo concentrar as energias na criação de valor de longo prazo e na compreensão da interdependência das suas atividades com o impacto econômico, ambiental e social que geram, as mudanças adotadas pelas corporações, negócios e iniciativas, trazem implicações importantes para o papel e o significado de boa governança e estratégia no âmbito mundial. 

Investidores e demais partes interessadas cada vez mais demandarão que empresas informem sobre questões não financeiras, riscos e oportunidades com a mesma disciplina e rigor utilizado na divulgação das informações financeiras. 

Ao longo de 2021 veremos, muito provavelmente, as primeiras iniciativas concretas sobre as implicações de métricas ESG em negócios, bem como os relatórios previamente discutidos. Por mais que ainda sem um modelo único e consolidado, isso nos dará novas perspectivas e anseios sobre o futuro de nosso planeta. 

E é claro que aqui no blog EngrenagemVerde, estaremos de olho nas atualizações e reports que serão liberados neste ano. 

Fique antenado para mais notícias!